A música sempre foi uma grande e fiel companheira, desde as minhas mais antigas lembranças. São capazes de me fazer sentir saudade de um tempo que eu nem vivi (como quando ouço qualquer bossa nova), de admirar cada vez mais o compositor, como quando eu ouço Chico Buarque, repito a letra com a boca e na mente repito “um gênio.” Elas me levam a lugares e épocas passadas, trazendo à memória os sentimentos que elas me despertavam nestas mesmas épocas, quase uma mágica. Tantas vezes elas me fazem chorar sem eu querer, me fazem dançar sozinha.
Nas duas últimas semanas, dois amigos postaram vídeos cantando e tocando “Onde anda você”, de Vinicius de Moraes. Coisa mais linda!! Sério, mesmo. Vi mil vezes cada um e pela primeira vez achei o sotaque paulista legal, combinou com a música, que Vinicius não me ouça. Esses vídeos que fizeram eu pensar em tudo o que compartilho através dessas palavras aqui…
O universo da música é o meu universo desde que me entendo por gente e não é força de expressão, lembro de esperar meu pai chegar com o disco da Xuxa novo em casa (não deixa de ser música). Nessa casa em que morava, meu pai sempre ouviu música muito alto e a casa inteira ouvia, essa parte já não era tão legal, mas assim fui exposta a muita música, conheci muita coisa e isso criou em mim e na minha irmã uma intimidade e um gosto por uma vida com música o tempo inteiro.
Nas minhas recordações de infância, sempre tem um cara tocando violão, as festas de aniversário, os encontros por qualquer motivo, o Natal…sempre tinha. Chegava na casa da minha avó sábado de manhã e minha tia estava sempre ouvindo Martinho da Vila “na minha casa todo mundo é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba…”. Fui crescendo e lembro da minha mãe também sempre com um rádio enquanto fazia as coisas. Eu e minha irmã, assim que acordávamos, ligávamos o rádio do quarto, enquanto a gente se arrumava para ir à escola. Ouvíamos uns programas à tarde que gostávamos também…DJ Marlboro no Big Mix (um programa de funk, adolescentes cariocaas da década de 90 provavelmente irão se lembrar.) É engraçado pensar que naquela época precisava de mais disposição, para escolher a rádio precisava levantar de onde eu estava, para trocar o disco ou o CD também. Hoje, ouvimos uma playlist por horas seguidas sem precisar de qualquer esforço.
E assim cresci, gostando das mesmas músicas que curto desde sei lá quando, que ouvi com meus pais e meus tios. Continuo fazendo tudo com música de fundo, faço as coisas da casa, trabalho, meu carro está sempre com música…não é possível, para mim, viver sem. Conseguiria passar a vida sem ver filme, sem ver TV, mas sem música, jamais. Ouço para me animar, para cantar bem alto, para dançar nem que seja sentada no banco do carro dirigindo. E tantas vezes elas me emocionam sem eu querer, me arrancam um sorriso sem eu perceber e dizem um monte coisas que eu gostaria de dizer, coisas que sinto, que eu vivo.
Percebo que meus filhos curtem música, de ouvir, às vezes de dançar…identificam se a uma música triste, expressam verbalmanete que gostam de alguma específica, de algum trecho…isso me toca de verdade, me deixa verdadeiramente feliz. Porque tem algumas características qeu não podemos obrigar ninguém, mas algumas para mim elevam a pessoa no meu conceito e gostar real de música é uma delas.