Consegue responder à pergunta do título confiantemente? Digo interessante por dentro, porque por fora é relativamente fácil. Comecei a pensar sobre isso mais intencionalmente quando meu marido fez um curso fora ano passado e vi o quanto a gente desperdiça tempo com o que é raso, superficial. Passado esse tempo, voltei e ouvi recentemente essa provocação: você é uma mulher interessante? Concordei integralmente e me acendeu um alerta sobre isso. Por exemplo, comecei fazendo uma limpa no meu Instagram e já que uso muito essa rede, deixei ali perfis de jornais e outra fontes de informações reais. Outro ponto, a maternidade por um tempo nos torna monotemáticas, focadas no assunto que rege a etapa em que nossos filhos estão: amamentação, desfralde, primeiros passos, fala, escolinha, etc e quando a gente vê eles cresceram, não precisam mais da gente 100% e a gente parou no tempo. Senta numa mesa e não tem um assunto diferente para conversar, nenhum tema que fuja daquele lugar raso que repete o que rolou nos feeds das redes sociais.
Não precisa ser a nerd, não ter momentos de relax e só ler jornal. Mas não dá para gastar a vida somente no “molezinha” de conteúdos descartáveis que explodem nas nossas telas. Em inúmeras conversas aqui em casa, sempre voltamos ao ponto de que precisamos ser intencionais. Intencional nas escolhas dos lugares que frequentamos, dos livros que lemos, na disponibilidade em aprender alguma coisa, mesmo que aparentemente não esteja diretamente relacionado ao nosso universo. Não precisa ter dinheiro, não precisa viajar, se puder é maravilhoso, mas a gente não precisa disso para aproveitar as chances que temos.
E quando a oportunidade passa, a gente tem preguiça, de se aprofundar, de prestar atenção, de crescer, de ouvir, de pensar… a gente não consegue mais focar em nada que nos demande um pouco mais. E isso tem nos tornado, ou melhor, me tornado pouco interessante ou no mínimo acomodada. Se permanecer assim, daqui a 10 anos estarei na mesma posição, falando das mesmas coisas, sem fazer diferença na vida de ninguém.
Acho que vale à pena a gente ter intencionalidade e investir um mínimo esforço nisso, lendo um livro, ouvindo uma música, conhecendo um lugar diferente, experimentando uma comida nova, ouvindo algo que aparentemente não tem relação conosco naquele momento, gastando tempo em ir além. Isso vai desde a leitura da Bíblia até conhecer um parque diferente na cidade em que eu moro há mais de 10 anos e nunca fui.
Sabe quando a gente viaja e não tem preguiça de conhecer os lugares? A gente percebe detalhes, a gente pergunta, a gente lê o nome da rua, come uma coisa estranha, anda no ônibus, no teleférico, a gente se cansa, mas não desperdiça nada. Esse seria um bom ponto de partida e um jeito de começar a ser uma mulher, uma pessoa mais interessante. Certeza que podemos tentar e teremos bons frutos a colher e o melhor, frutificaremos em quem está ao nosso redor.